Como evitar que criminosos se aproveitem dos dados pessoais e financeiros que estão no seu smartphone; especialistas recomendam evitar guardar senhas e chaves diretamente no aparelho
O Brasil vive um aumento nos roubos e furtos de celular. Somente no estado de São Paulo, entre janeiro e agosto de 2021, foram quase 160 mil aparelhos subtraídos, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP). A polícia paulista registrou 86.962 roubos de smartphones com agressão ou uso de armas, e 72.763 mil furtos, que são os casos em que o proprietário não percebe a retirada do aparelho.
Junto a esses números houve o crescimento do PIX, que completou um ano ainda em novembro de 2021. Com as transações bancárias mais dinâmicas e que não podem ser desfeitas, os criminosos procuram usar os próprios celulares como ferramentas para obter dinheiro do usuário, levando a sequestros relâmpagos, por exemplo.
Para saber como agir nesses casos, a CNN procurou especialistas para ensinar como se precaver com seus dados pessoais e como evitar mais perdas, além da material, em casos de furto ou roubo.
O roubo de celular é um crime que ganhou novas táticas, segundo Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky. Para o especialista, o crime se tornou mais perigoso, porque agora está mais lucrativo.
“O grande objetivo dos ladrões agora é obter o dispositivo desbloqueado para usar funções legítimas a fim de recuperar as senhas dos app financeiros para realizar as fraudes (roubo)”, analisa. O especialista acredita que, do ponto de vista de segurança pública, há poucas opções para coibir essa prática.
O piloto de automobilismo virtual e youtuber Richard Max foi furtado em um shopping de São Paulo após voltar do treino no GP Brasil de Fórmula 1: “Eu estava no Shopping Ibirapuera, procurando por um vestido para a minha filha e, dentro de uma das lojas, tomei um encontrão, sem querer, e nem me toquei na hora. Quando entrei em outra loja, fui pegar o celular e ele não estava mais no meu bolso, já havia sumido. Peguei o celular da minha esposa para ligar, já estava na caixa postal, mandei uma mensagem no Whatsapp e só apareceu um risco. Percebi que ele já estava desligado”, conta.
Nesses casos, o especialista da Kaspersky afirmou que o melhor a fazer é evitar facilitar o acesso dos criminosos aos dados pessoais e financeiros. “recomendo que as pessoas passem a protegê-lo corretamente, evitando armazenar senhas em blocos de notas ou no e-mail, configurando as opções de dupla autenticação em todos os serviços online e contando com uma solução de segurança no dispositivo”.
Foi o que a vítima do roubo no shopping fez. Max afirmou que não se preocupou com seus dados: “Eu uso todos os recursos de segurança disponíveis para evitar esse tipo de coisa. Nas contas que têm esse recurso, eu não uso nada que tenha autenticação por SMS. Nas contas Google eu não uso o recurso de tocar no smartphone para liberar o acesso”, comenta. Ele ainda conta com um aparelho apenas para autenticações que fica em casa, juntamente com uma chave de segurança física.
O comportamento de Richard, contudo, é uma exceção. De acordo com a Kaspersky, os brasileiros em geral têm pouca preocupação com sua segurança digital. Segundo pesquisa da empresa, 53% da população salva a senha do e-mail no navegador, enquanto 44% dos brasileiros compartilham a senha do seu celular. Levantamento anterior da própria empresa mostra que a senha mais utilizada pelos brasileiros era a sequência numérica 123456.
O que fazer após perder o celular?
Mas o que fazer na prática em caso de roubo ou furto? “O primeiro passo é contatar a operadora do celular para bloquear o chip e o e-mail conectado ao aparelho, para que ninguém possa ativar esse dispositivo. O segundo passo é contatar as instituições financeiras e bloquear temporariamente todas as transações (como de cartões e Pix) e o terceiro remover todos os dados do aparelho remotamente através do ICloud ou painel do Google. Por fim, é importante alterar todas as senhas e desconectar todos os dispositivos que estão autenticados nas redes sociais, como Facebook e WhatsApp”, explica Thiago Bordini, Head de Cyber Threat Intelligence Axur, empresa de segurança digital, que também recomenda evitar deixar senhas salvas no aparelho.
Criminosos podem ainda tentar aplicar golpes usando suas informações pessoais e financeiras. Por isso, Bordini recomenda também monitorar toda e qualquer transação financeira, verificar se o fator de autenticação das instituições não foi alterado e/ou se foi inserido outro dado como fator de recuperação. “Além disso, sempre atualizar todas as senhas, independentemente de elas terem sido acessadas ou não e habilitar o segundo fator de autenticação para todos os logins”.
Com base nas falas dos especialistas, confira um passo a passo para se manter seguro digitalmente.
Previna-se
- Utilize senhas complexas, que misturem letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos
- Evite deixar senhas salvas no aparelho, em bloco de notas ou e-mail
- Evite o autocompletar de senhas
- Se possível, utilize chaves de autenticação externas
- Configure a autenticação em dois fatores; se possível, evite que a segunda camada seja via SMS
- Não armazene imagens de cartões bancários
Foi roubado ou furtado?
- Apague os dados do celular. Se for Android, acesse o endereço com/find, insira login e senha e clique em “apagar dispositivo”. Para iPhone, icloud.com, insira login e senha, localizar iphone e clique em “apagar dispositivo”.
- Bloqueie o IMEI, que é o número de identificação do celular. Ligue para a sua operadora, informe o incidente e peça o bloqueio do IMEI para paralisar as funções do aparelho
- Ligue para o banco e comunique o incidente. Peça também a remoção dos cartões salvos no aparelho.
- Troque as senhas de acesso ao ID do Google ou Apple
- Desconecte as contas de aplicativos instalados no celular
- Registre um boletim de ocorrência
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