Não posso culpá-lo pelo fato de você estar confuso com todos os acrônimos de áudio e vídeo utilizados. Quem pensou que as pessoas comuns poderiam intuitivamente entender todas as opções de áudio surround atualmente existentes deveria estar trabalhando em outro campo. Aqui estão as informações básicas sobre os formatos mais importantes de áudio surround para música, filmes e mais. Formatos de áudio surround discretos (canais totalmente independentes) Dolby Digital ou AC3 ? O Dolby Digital é um formato de áudio digital surround que utiliza compressão de dados.
É o formato mais utilizado nos filmes em DVD, e é freqüentemente encontrado nos discos DVD-Audio. A maioria dos receiver e pré-amplificadores de A/V são capazes de decodificar o sinal Dolby Digital. A maior vantagem do sistema é permitir armazenar áudio multicanal em espaços onde o sinal original, sem compressão, não caberia. Um exemplo é a TV por assinatura via satélite (N. do T.: nos EUA), onde é possível obter filmes com áudio surround. Entusiastas afirmam que a taxa de compressão (12:1) do Dolby Digital faz com que existam perdas consideráveis na qualidade do áudio se comparado com outros formatos, como o DTS. DTS ? O formato foi desenvolvido para o filme Jurassic Park em 1993 e é o maior concorrente do Dolby Digital no mercado de áudio e vídeo. A maior vantagem é a compressão reduzida, em relação ao Dolby Digital, atingindo até 3:1 (contra 12:1 do Dolby Digital). Os estúdios e gravadoras devem decidir se querem sacrificar os extras dos DVDs para oferecer uma qualidade de áudio superior, já que o formato ocupa mais espaço no disco. A própria DTS produziu muitos títulos musicais em CD, DVD e DVD-Audio, utilizando sua tecnologia. Os CDs DTS podem ser executados em CD players com saídas digitais ou DVD players. Qualquer bom receiver ou pré A/V atual é compatível com DTS e Dolby Digital. MLP ? A sigla significa Meridian Lossless Packing. É o esquema de compressão sem perdas utilizado no DVD-Audio para obter o máximo de qualidade em áudio estéreo ou surround disponível em discos DVD. Atualmente, o MLP exige que o player (compatível com DVD-A) tenha saídas de áudio analógico, através das quais trafegará o sinal, evitando a pirataria. Porém as interfaces digitais agora estão surgindo, especialmente em players e receivers hi-end. Os formatos DD e DTS já utilizam interfaces digitais, que transportam o sinal entre o receiver e o player. DSD ? Encontrado exclusivamente nos SACDs (Super Audio CDs), o formato DSD, criado por Philips e Sony, utiliza esquemas diferentes de gravação e compressão. O DVD-Audio e todas as outras mídias digitais empregam o PCM (Pulse Code Modulation), diferente e incompatível. Engenheiros de gravação argumentam os prós e contras do PCM versus DSD, mas em seu sistema ambos soarão melhor que os CDs convencionais. O que significam os números?
5.1 - É um dos termos mais confusos do mundo do áudio. Algum gênio decidiu utilizar o 5.1 para definir o sistema surround típico, consistido de cinco caixas acústicas (central, frontais e traseiras), além do subwoofer. Nos primeiros sistemas, em que o canal de efeitos de baixa frequência (LFE, o subwoofer) era limitado a apenas estas frequencias, utilizou-se a referência .1. O canal LFE é as vezes chamado de canal do subwoofer, mas este é um erro. No DVD, o sinal LFE é enviado ao sistema de gerenciamento de graves do seu sistema. Com isso, o LFE passa a receber sinais de todos os canais de áudio que suas caixas não conseguem reproduzir (por suas características técnicas).
Os sistemas surround 5.1 são configurados com as seguintes caixas: frontal esquerda, frontal direita, traseira esquerda, traseira direita, central e subwoofer. Você pode adquirir sistemas 6.1, 7.1 ou mais, mas quase todos os equipamentos e software (filmes, shows) são criados para operar em 5.1. DTS ES (6.1) ? O formato acrescenta um canal central traseiro ao pacote de áudio surround em alguns discos musicais e filmes. Muitos receivers estão equipados com DTS-ES, mas existem poucos títulos disponíveis.
THX EX (7.1) ? O sistema pode reproduzir oito canais (7.1), e é possível obter mais realismo nos complexos e detalhados efeitos sonoros dos filmes modernos. O THX EX sofre do mesmo problema que o DTS-ES. Com exceção do novo episódio de Guerra nas Estrelas, existem pouquíssimos títulos compatíveis no mercado, sempre pouco divulgados. Entretanto muitos usuários querem sistemas 6.1 ou 7.1. Quadraphonic - Se você fosse o cara mais bacana do bairro nos anos 70, provavelmente teria um sistema quadrafônico. Apesar do sistemas ter falhado comercialmente, graças a limitações do vinil como mídia para reproduzir áudio surround, muitas gravações de bom gosto foram feitas em quad nos anos 70. Algumas foram lançadas em CDs DTS. Outras, como o Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, estão surgindo em DVD-Audio e SACD. Se você acha que o áudio quadrafônico sumiu, saiba que ele ainda está entre nós.
Ambisonics - Apesar do desastre mercadológico do quad, este sistema funcionou bem - e ainda funciona. É chamado Ambisonics. Criado na década de 70, logo após o fim do quad, o Ambisonics utiliza o princípio de criar um campo sonoro de forma natural e eficiente, transmitido a um número suficiente de canais que você pode colocar em seu ambiente. As gravações Ambisonic, lançadas por empresas pioneiras como a Nimbus Records, utilizavam um microfone especial, chamado microfone soundfield. Quatro canais eram necessários para enviar as informações (através de um sistema matrix, veja abaixo, chamado UHJ, para tornar as gravações compatíveis com sistemas estéreo). Um decoder no receiver era necessário para decodificar o sinal. Hoje, o Ambisonics é totalmente digital e a especificação do DVD-Audio inclui previsão para transportar os sinais. As gravações Ambisonic podem ser facilmente decodificadas para sistemas 5.1 e alguns fabricantes equipam seus produtos com decoders compatíveis. Vários DVDs utilizam a tecnologia Ambisonic em sua criação, no estúdio, por isso você pode não saber que o sistema foi utilizado, exceto pelo fato de soarem bem, com boa localização surround e palco sonoro realístico não encontrado nas gravações atuais.
Matrix Surround Antes da criação dos sistemas multicanal digitais, o surround deveria ser disponibilizado por apenas dois canais para que se mantivesse a compatibilidade com sistemas estéreo. O surround matrix nunca foi tão bom quanto os sistemas com canais independentes, mas como poucas pessoas tinham equipamentos com os sistemas de quatro canais (que não deram certo), o sistema era o melhor que havia disponível. O processo de misturar quatro ou mais canais em apenas dois e obtê-los novamente é chamado matrixing, e os sistemas que utilizam esta técnica são chamados matrix surround. A Dolby, com sua popularidade no mundo do cinema, tornou-se líder com seus sistemas Dolby Pro Logic e Pro Logic II. Algumas transmissões de TV utilizam o sistema. Ligue seu receiver e utilize o modo Pro Logic ou Pro Logic II, e você poderá ouvir o áudio surround. O decodificador Pro Logic presente em seu receiver ou pré também será capaz de criar efeitos surround a partir de áudio estéreo convencional. O Pro Logic II é a evolução do velho Pro Logic. O sistema oferece muito mais informação aos canais estéreo, melhorando o áudio ao assistir TV por satélite, cabo digital, videogames, filmes em VHS e mais. Qualquer bom receiver atual está equipado com formatos de áudio surround matrix. A maioria já conta com o Dolby Pro Logic II. É interessante testar antes de tomar uma decisão. Em um mundo perfeito, tudo que você assistir ou ouvir deveria ser mixado e masterizado em surround sem perdas. Na realidade, muito da melhor programação e conteúdo precisa de alguma ajuda, e um bom receiver ou pré pode fazer isso.
Conclusão
Não fique intimidado pelos termos e siglas. Entenda que seu sistema AV será capaz de utilizar bem todos os formatos surround. Entender a diferença entre com ou sem compressão ou matrix surround fará com que a decisão de compra entre um novo receiver ou pré seja tomada com mais facilidade. Além disso, não seja influenciado por modismos da indústria. É legal ser um early adopter (consumidor que adota a tecnologia logo após sua diponibilização), mas, antes de investir em um formato, tenha certeza que existem títulos disponíveis para garantir sua decisão. A boa notícia é que até mesmo alguns receivers mais econômicos oferecer atualizações de firmware e software que podem ser obtidos na Internet. Esta característica pode ser importante ao fazer um investimento em sistemas de áudio surround. Ela dará ao seu receiver ou pré A/V mais longevidade.
Fonte: Audio Revolution
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